quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sempre Palocci

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Palocci foi responsável por vazamento de dados do caseiro, diz Caixa

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Em apelação contra indenização a Francenildo, estatal assume quebra de sigilo, mas garante não haver dúvida de que ministro foi o responsável pela divulgação

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BRASÍLIA - Para se livrar da indenização de R$ 500 mil, a que foi condenada a pagar, a Caixa Econômica Federal alegou à Justiça que a responsabilidade pelo vazamento dos dados do caseiro Francenildo dos Santos Costa, ocorrida em 2006, é do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci (atual ministro chefe da Casa Civil) e do seu assessor de imprensa, Marcelo Netto, que teriam vazado o material para a imprensa.

Citando relatório da Polícia Federal sobre o caso, a Caixa assume que entregou os extratos da conta do caseiro ao ministro, mas garante não haver dúvida de que Netto, a serviço de Palocci, foi o responsável pela divulgação dos extratos da movimentação bancária do caseiro. Lembra, ainda, que "o domínio do fato (o sigilo da conta) pertencia ao ex-ministro da Fazenda, apontado como mentor intelectual e arquiteto do plano, sobre o qual a Caixa não possui qualquer poder de mando".
É a primeira vez que a Caixa diz textualmente que a responsabilidade pelo vazamento é do gabinete do ex-ministro. A acusação, contida na apelação apresentada pela estatal à 4ª Vara da Justiça Federal de Brasília, agrava a crise atual vivida por Palocci, acusado pela oposição de suspeita de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro por ter engordado seu patrimônio pessoal em 20 vezes em apenas quatro anos. A apelação contesta o valor da indenização e está conclusa para julgamento. Caso perca, a Caixa terá de desembolsar a quantia.
Francenildo teve a vida virada ao avesso após acusar Palocci, em entrevista ao Estado de S.Paulo, de frequentar uma mansão no Lago Sul onde lobistas de Ribeirão Preto realizavam festas e negócios escusos. Em retaliação, dirigentes do alto escalão do governo quebraram o sigilo bancário da poupança do caseiro, cujo extrato foi publicado na revista Época. Palocci suspeitava de que Francenildo recebera propina da oposição para fazer a denúncia, mas o saldo de R$ 30 mil era na verdade uma doação do pai do caseiro, que acabara de reconhecer a paternidade.
(Vannildo Mendes, de O Estado de S.Paulo)
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